terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Rico de quem vive

Se há tantas solas
saltitantes e opulentes
que todos os dias gritam
junto a mim, neste passeio
dementes


Onde voz de quem não quer             
esmaga-se invisivelmente
e ele só pede ajuda,
em tom agónico,
alguém que me comente !


Ele molha-se consoante
o trilho de quem passa
chora calado
e ninguém o abraça


Não o esqueça
alçada a mão
espera para sempre,
sem que adormeça


Igor Silva,05-12-2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Puro


Naquele tempo, algo distante, não chovera. Digo isto porque me lembro de subir a colina seca, seca de não beber há muito.

Digo isto tudo porque a minha memória me deixa ainda as cartas escritas  no pensamento, ainda que, dúbio.

Lembro o prazer momentâneo de me sentar perante o alto horizonte paralelo à minha vista, dos insectos alegres que sossegadamente me iam trepando a camisa já transpirada de recordações.

A ânsia de poder alcançar o fim daquele intrigante horizonte, o desejo instintivo de acabar com a pergunta interior que me fazia transpirar mais, que me fazia borbulhas na barriga, que me criava uma felicidade mentirosa. Era eu ingénuo.

Era inofensiva a maneira como eu esperava um desfecho positivo da história. Eu ficava triste, sim. Triste de saber que não mais ia ouvir o sopro do sol batendo na terra de cristal.

Era agora a minha tristeza falsa. Eu era alegre. Eu estava feliz.

Eu só não sabia como iria reagir quando o sol já não me falasse, eu só não sabia que mais ia ver que não o horizonte de recordações já furado de melancolia.

Eu estou bem, o sol ?                   

P.S :Apenas para lembrar que nada temos por garantido, que nada fica nosso, que nada dura sempre. Com a vida aprendemos que o sempre e o nunca não passam de meras palavras inventadas pelo homem.

Devemos dar mais significado à palavra adeus, ou melhor, não é preciso que seja mencionada, o sol quando caiu não voltou mais, nós não somos todos iguais. Adeus.


Igor Silva                    

sábado, 10 de novembro de 2012

Dia depois de amanhã

A certas horas
vêem-se várias luas
salpicando o sol encoberto
entrelaçadas no ar,
O meu estado é um Deserto.
                                                            

Visivelmente castas felizes
por detrás da luz,
que eu não vejo
mas ser assim, um amanhã
Meu Desejo

mas no dia depois
do hoje
verei o escuro que me
bombeia,
verei raízes sem desabotoar

Igor Silva, 10-11-2012
 

domingo, 4 de novembro de 2012

Infinito de quem vive

De nada vale o nada
ambos sabemos,
de inércia força
que vale a pena

Seguir o rasto
É escutar quem fala
É gritar pelo coração
E encontrar

Sabes,
o isto tomou um todo,
um recheio, um corpo aberto
de Quem sabe,
tudo é certo

                                                    
Certo de quem sabe,
acatar.
salta para o inúmero
e respira o que vês

Estou a falar contigo,
não te despeças
sou eu,
busca-me
Sempre!



Igor Silva,05-11-2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Imaginar imaginando


Imaginar imaginando,

O que poderia ter sido eu, se imaginasse tal batimento supérfluo da água no cascar das árvores, se imaginasse o cheiro verdão das flores rebentando florescidas no cristalino sol da Primavera. O que poderia ter sido eu se, de vez em vez, ouvisse o lamentar dos velhos da aldeia, o rumo do alcatrão azul que ilumina o sentido crescente da força interior… O que seria eu se não fosse eu…que saudade me fica longa e breve e curta, tépido. Tépido de imaginar o proibido ser que não fora .

        Basta de imaginar imaginando o que passara por entre as varas liquidas de pedaços de terra unida e afastada . É tempo de respirar o frio quente sentido do tempo já tardio . É tempo de nadar pelo Destino, inovando qualidades próprias, descobrindo, navegando pela plenitude longínqua .

        Ressuscitar da rebelde pessoa escondida por detrás de trapézios alheios, impulsos forasteiros. Agora é o tempo .

        Tempo que vida demora imune a ti…



Igor Silva, 22-09-2012                                                             

Infundado


Que bom ter sonhos
Toda a gente tem
Eu não os tenho
 
Desdenho quem tem.
Compreendo o que é
Sei o que não é
                                                                     
Força e supremacia
Esperança e alegria
 
Vejo tapado e preenchido
Não os tenho,
Como hei-de saber?
Nem escolher sei
 
Procurar é uma opcção
Tê-los é como nada
 
Não me cobrem os olhos no fundo
Não escutam as minhas dádivas
Não encolhem as minhas dores
Não sei o que são.
 
 
Igor Silva, 25-06-2011

domingo, 28 de outubro de 2012

Para ti

Sempre que acordo
música chove-me para a nuvem
que me sente leve e me ajuda
e me faz troçar

E nunca acaba
bombeia-me perduravelmente
porque ela existe


Passo por lá
sobre linha que não acaba
provocando-me a libertação
que me transporta paralelamente
Rumo à sucessão de felicidade         

E a nostalgia grita-me
sobre tempos que não aconteceram
de futuro antigo
e de previsão jovial
                                                     

Peço ao vento que me dê a mão
e abraçá-lo-ei solitariamente
Contigo…



Igor Silva, 28-10-2012
 

sábado, 20 de outubro de 2012

O mundo

As pessoas sentem, que eu sei
A gente respira uma ilusão
O homem vive de história
A mulher revira a glória
A criança sorri para sempre
E o mundo não cumpre                                        

O mundo nunca cumpre
Nada é paz, que eu sei
Viver é guerra
A paisagem verde não existe
E sinto-me triste

O lago sobre Esperança apagou-se
A roda de água já não gira
Isto parou, que eu sei

O mundo não cumpre
Tal como nós...
Que eu sei

Igor Silva, 20-10-2012

domingo, 7 de outubro de 2012

Diálogo incapaz

Pareceu-me tê-la visto
Não era traçada
de inércia
melancólica,
assim como me visto ?
                  
Ah, sim, ser superior!
Que trajado de cor,
suporte artístico
velocista no teu esplendor!        

Aproveita meu caro...
Sonhador ? de tal audácia
sarcasmo arrancado
desta ideia estreita,
aproveita...

Quem és, Senhor ?

Igor Silva,7-10-2012

sábado, 22 de setembro de 2012

Portugal

Desenhado no mapa mundial
roteiro de terra
tudo unido
Portugal?

Portugal de gritos
de guerras invisuais
de crianças altas de pedinchar
de passado
                                                                          
Porque de água,
tiro e glória
arrojo impossível,
antigo

hoje e ontem
chamas de terra ardente
bramidos ao Senhor
Este Trono adormecido!


Igor Silva,22-09-2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Velhice

Acordo mesmo no meio
da cama, acho...
o braço amarrotado
o sorriso riscado

devoluto de cabelo
empuleirado,                                                            
torcido de perna
mas rio,

levanto a saudade
visando amizade antiga
sobre o ombro tombado
a tosse de cantiga

esperando que me diga
este sou eu,
velho mas novo
os brancos que se vestem
de chuva nevada

sussuram no gesto
brusco de quem percebe
vivo e modesto
que é velhice!

22-09-2012
Igor Silva

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Plural

Temos o mundo na mão
mas a rotunda há 10 anos
um cheiro promissor
um carinho feito que não amor
que ultrapassou os nossos planos

que desperta fervor
que dá vontade de ser
mas não é amor,
forte

que nos fez separar
sem saber amar,ver
despertar
cantar o teu nome...

A estrada é turva
o caminho somos nós
o avião desce
e tu és...
nós !                                                       



Igor Silva,17-09-2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mudança

Mártir continuado de forte perícia
Lástimas festivas de inauguração
Sempre acesas de sonho                                               
E presentes no meu coração


Mas com determinação
Esquecidas ou enganadas,
Afinal, que isto é ?


Adormeci e acordei tarde
Tenho hesitações
Serei eu ou palpitações?
Raio de sonho cobarde!

Confusa se tornou
Esta vida malvada
Parecendo uma colheita
De letras
E assim me deitou…


Igor Silva,04-09-2012

sábado, 1 de setembro de 2012

Música

Cada traço da imaginação
transparece uma música
diferente
                                                                                
Que se torna possessiva
de quem é comandada
fazendo lembrar constantemente.


Se ri é saúde
de choro é piano
se grita agitando leveza
estilo limpo em plano

e de amor?
violino às cordas sãs
tocando eternamente
para quem o ouve!



Igor Silva,02-09-2012
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Enigma da vida

Do desejo concreto
Ardeu de água limpa
Futuro de boa vida
Olhar secreto

O tempo não colidiu
Nem definhou
Quem venceu?

Restam desoros algures
Esperança a nenhures
No diadema desvalido




Igor Silva, 21/03/2011

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Perdição

Gosto deste som
que cresceu desde que nasci
e me tornou assim

gosto de saber que nada sei
que o horizonte é um horizonte
que o ser humano não morre                              
que ficarei assim...

que o tempo é o que queremos
uns dias gritante
feito lembrete,
outros vagabundo
e inocente

o tempo é acção do presente
que nos torna regentes
e poluentes do coração
que respira

O tempo,
minha perdição...



Igor Silva,20-08-2012

domingo, 12 de agosto de 2012

Um dia

Tudo passou
Foi bom,
Foi mau,
Acabou.

Nada mais do que um percurso,
Uma aragem rápida
Um caminho com paragem.


Um dia perceberás o porquê de tudo.
Quando abrires os olhos,
Não sei se haverá luz,
Não sei se haverá esse sentimento que me introduz.


Pode ser,
Sei que vai acontecer,                                               
Agora, amanhã, sempre.
Vem por aí.

Até a luz encontrar o caminho,
A Esperança sobe e desce,
Não morre.

Ela encontra-te,
Breve...


Igor Silva,23-03-2011

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Vem

Responde-me com um sopro
frontal de ansiedade
um abaixo e acima
algo tropical como um clima gelado

Calado fala-me no peito
e deixa-me a desejar fazer
e viver até amanhã

Quando não é possível
volta no outro dia,
persistente e consciente
insiste...

Saudades que mordem e bliscam
sem que sejam vistas
que em torno moram e choram

Demoram em sair porque tudo é agora
e vem de fora das conquistas




Igor Silva, 25-09-2011

domingo, 24 de junho de 2012

Alimento

Tudo o que eu quero é respirar
é imaginar
Sorrir


Resume-me o espanto
porque rir é viver
e quanto mais eu canto
mais quero viver


E ver é viver
o mundo ameno
porque se não nutrir
é veneno amargo e ácido



Resume-me porque nasci num embargo                           
florido de gotas límpidas
dum monte
a teu cargo, senhor



Mas dor não tenho
porque subo nela
e tu és ela
e eu não a estranho


Igor Silva,24-06-2012

sábado, 2 de junho de 2012

Alguém

                        É tão bom fazer-se sentir.
                       Ser puro sem se ter de pedir...

                       É tão mago impulsionar alguém,
                      Mesmo que seja outrém, que por sua vez,
                      outrora odiara.

                     Sabe deveras bem,
                     Eu,
                     Sentir o sentir forte e musculado do sentimento real,
                     Do renascer de novo não de forma primordial,
                     Crucial...

                     Por entre as ruelas devasso patrocinei,
                     Por ti,
                     Probabilidade apagada,
                     Uma imagem enganada por mim.

                     Agora sinto a partida breve e dura,
                     Mórbida e fulminante,
                     Agoniante, errante...
                     Futura.

                    Em todas as alturas chorei risos altos e baixos,
                    Sorri chorando Deus desaparecido,
                    Com isto tornei-me para muitos,
                    Um alguém interrogado,
                    Um Alguém Escurecido.




                    Igor Silva, 02/03/2011

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ontem


Levanto-me cedo porque sinto necessidade

Tenho 7 ou 8 anos de idade

Toda aquela inconsciente alegria

É  vivacidade



Brincava com a bola amarrotada

Gritava até não me ouvir

Chorava de tanto cair



Tudo era tão infantil e animado

Tudo era tão alegre de ser vivido

Tudo era tão amável

Isto é tudo Passado



Hoje caí em mim

e percebi que queria voltar atrás

Para jogar à bola

Mas a vida é como o ar

Não cola




Igor Silva, 28/05/2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Destino

Se o Destino
é longo
então grita!

grita para te ouvir
daqui a uns anos
mas corre

só correndo o mordes
e não foge

apressa-te para que
não parta
puxa-lhe o cabelo
e acorda


O Destino és tu
escolhe
agora ou depois ?


Igor Silva, 24-02-2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tudo

Falta força
Falta força entre o querer e a vontade
Falta força entre o medo e a força
Falta força

Falta perceber que o nunca
Nunca existe
E o sempre, oh
O sempre nunca permanece

Falta força de vontade                                              
Falta um riso em vez de uma lágrima
Falta tudo
Faltas tu, falto eu
Nós

Falta perceber que um adeus agora
será amanhã diferente

Simplesmente, quebra,rasga,fura
queima!
Queima tudo, mas falta tudo...
Falta a verdade com ponta de ilusão
Falta uma chance

As coisas urgem
Que coisas?
Tudo
Tudo ?
A força...
Falta a força de vontade






Igor Silva, 11-05-2012

sábado, 14 de abril de 2012

Partir

No quarto
Os ponteiros da memória gritam
Giram lágrimas gritantes
O meu retrato é cínico.

As vozes empurram-me o ombro.
Choro sozinho e perdido...
Ah, preciso de um abrigo !

Preciso de saltar-me.
Mergulhar, sorrir...
Quero ouvir...
Ah, memória,
Deixa-me partir !

Já só oiço a morte.
No meu braço pálido acontecem relâmpagos escuros,
Segredos obscuros.
A morte é um corte !

Ele sai para cima,
O braço pende
A cabeça vive
A sorte comete-se



Igor Silva, 10/01/2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Vida

De que tudo serve?
De que ar respiramos?
De que alimento sobrevivemos?
Em que espécie acreditamos?

De que serve desbotar um sorriso?
De que serve abonar na esperança?
De que serve ficar parado?
Nada serve esperar pela bonança...

Os minutos contam-se
O que disse ficou
O que não disse ficou por dizer
A partida não esperou
Levou

Agora resta seguir
Seguir pelo trilho injusto
Pelo olhar no espelho falso,
A vida corre,
Cobra.

Igor Silva,05-04-2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vontade

Não sei como me sinto agora...
Alívio ou perdição.
Um filme de terror ou de acção.
Um dia de sol ou de morbidez,
Fresco ou não.

Cada momento que avança,
A dúvida apura-se mais,
A certeza aparece menos.

Não sei se corro ou grito,
Se choro ou medito,
Se espero mais ou aguente menos.

Se rasteje na areia ou suba ao céu.
Se me sinto com liberdade ou com infelicidade,
Se tenho vontade ou não.

Aparece a dúvida persistente de mim.
A teimosia existente do presente,
Não do passado agónico,
Dos dias fantasmagóricos.
Ardente.

Do calculismo interior e afastado de mim,
Do sentimento incapaz,
Desta ideia tenaz...

Farei da minha vontade ausente,
Uma procura profunda do meu ser.
Ao amanhecer
Quando eu morrer.

Igor Silva,15-08-2011

sexta-feira, 30 de março de 2012

Amor

Ruínas
Quebro-me de mim
Sinto dor e compaixão
Caio das colinas

Sofro por dentro com uma dor...
Uma dor
Uma dor
Que ardor por dentro tenho

Morro por amor
Morro por cada silêncio que me grita
Morro por cada imagem que fica
Morro

E se por cada ponteiro chorasse
Se por cada medo
Se por cada tremor
Me risse
Era como se te amasse



Igor Silva, 30-03-2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ira

Juro
Juro pelo ar que me sopra
Juro pelo rasto que me afoga
É arduo
É duro

Anoitece sem ver
Tudo acontece de sol negro
O raio apodrece.
Eu sou um ser sem crer

E por entre a chuva
E por detrás da curva
Brilha de emergir
Como se um céu fosse sem se abrir
Anoitece de sol

Tudo molha a memória
Tudo esquece o chão
Sim, Deus
Nunca houve história...


Igor Silva, 26/03/2012