sábado, 14 de abril de 2012

Partir

No quarto
Os ponteiros da memória gritam
Giram lágrimas gritantes
O meu retrato é cínico.

As vozes empurram-me o ombro.
Choro sozinho e perdido...
Ah, preciso de um abrigo !

Preciso de saltar-me.
Mergulhar, sorrir...
Quero ouvir...
Ah, memória,
Deixa-me partir !

Já só oiço a morte.
No meu braço pálido acontecem relâmpagos escuros,
Segredos obscuros.
A morte é um corte !

Ele sai para cima,
O braço pende
A cabeça vive
A sorte comete-se



Igor Silva, 10/01/2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Vida

De que tudo serve?
De que ar respiramos?
De que alimento sobrevivemos?
Em que espécie acreditamos?

De que serve desbotar um sorriso?
De que serve abonar na esperança?
De que serve ficar parado?
Nada serve esperar pela bonança...

Os minutos contam-se
O que disse ficou
O que não disse ficou por dizer
A partida não esperou
Levou

Agora resta seguir
Seguir pelo trilho injusto
Pelo olhar no espelho falso,
A vida corre,
Cobra.

Igor Silva,05-04-2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vontade

Não sei como me sinto agora...
Alívio ou perdição.
Um filme de terror ou de acção.
Um dia de sol ou de morbidez,
Fresco ou não.

Cada momento que avança,
A dúvida apura-se mais,
A certeza aparece menos.

Não sei se corro ou grito,
Se choro ou medito,
Se espero mais ou aguente menos.

Se rasteje na areia ou suba ao céu.
Se me sinto com liberdade ou com infelicidade,
Se tenho vontade ou não.

Aparece a dúvida persistente de mim.
A teimosia existente do presente,
Não do passado agónico,
Dos dias fantasmagóricos.
Ardente.

Do calculismo interior e afastado de mim,
Do sentimento incapaz,
Desta ideia tenaz...

Farei da minha vontade ausente,
Uma procura profunda do meu ser.
Ao amanhecer
Quando eu morrer.

Igor Silva,15-08-2011