Naquele
tempo, algo distante, não chovera. Digo isto porque me lembro de subir a colina
seca, seca de não beber há muito.
Digo
isto tudo porque a minha memória me deixa ainda as cartas escritas no pensamento, ainda que, dúbio.
Lembro
o prazer momentâneo de me sentar perante o alto horizonte paralelo à minha
vista, dos insectos alegres que sossegadamente me iam trepando a camisa já
transpirada de recordações.
A
ânsia de poder alcançar o fim daquele intrigante horizonte, o desejo instintivo
de acabar com a pergunta interior que me fazia transpirar mais, que me fazia
borbulhas na barriga, que me criava uma felicidade mentirosa. Era eu ingénuo.
Era
inofensiva a maneira como eu esperava um desfecho positivo da história. Eu
ficava triste, sim. Triste de saber que não mais ia ouvir o sopro do sol
batendo na terra de cristal.
Era
agora a minha tristeza falsa. Eu era alegre. Eu estava feliz.
Eu
só não sabia como iria reagir quando o sol já não me falasse, eu só não sabia
que mais ia ver que não o horizonte de recordações já furado de melancolia.
Eu
estou bem, o sol ?
P.S
:Apenas para lembrar que nada temos por garantido, que nada fica nosso, que
nada dura sempre. Com a vida aprendemos que o sempre e o nunca não passam de
meras palavras inventadas pelo homem.
Devemos
dar mais significado à palavra adeus, ou melhor, não é preciso que seja
mencionada, o sol quando caiu não voltou mais, nós não somos todos iguais.
Adeus.
…
Igor
Silva