quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Fera

Fera bera
Fria
Severa,
Cruel.

Uma ponta solta
Um adeus escondido
Um agora depois
Cruel.

Um ódio
Uma saudade
Um beijo
Uma maldade...
Cruel.

Um murro
Um grito
A vida,
Cruel.
Fiel?

Assim,curta.
Longa, a vida ?
Fiel ou cruel ?
Fera bera,
Cruel...

Igor Silva, 1 de Dezembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cai

Acende-se a luz.
A roupa voa.
O chão é frio.
A companhia é boa.

Não chega.
Escapa-me pelo olho despido,
Um gesto gelado e encolhido,
Fugido.

Mais cedo ou mais tarde,
Agora,
O pensamento vai luzir e acompanhar.

Nada é em vão.
O mundo respira,
Eu também.

Não te esqueças,
Ele olha por ti e por mim.
Até ao momento fala e brinca,
O mundo respira,
Nada de ruim...

Cresce a luz da manhã,
O cobertor toma asas e sai,
Para mim tudo é bonito e alcançável.
Mas não.

O mundo respira e vive,
Também cai.

Eu continuo aqui.
Persisto e assisto,
Nem que morra,
Desisto.
                                             
Igor Silva, 9 de Setembro de 2011

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Noite

Da galé partira para cima.
Cima que,
Longe é.
Altar de cima que de teu olhar,
Não é?

Da noite que ontem foi inadiável,
Espreitei, impudico, ao cimo.
Para mim era um cimo baixo,
Inalienável.

A noite presente inspira-me o suspiro.
Acredita-me o absorver completo de,
Num brilhar incrível,
Ah, saber que ali estás a olhar,
Em meu redor,
A encarar por ti,
Gloriosa, Imperatriz !


Igor Silva, 8 de Agosto de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

Plano

Como que um gesto sem sombra,
Cabisbaixo, contava a calçada sem me enganar

Negrumes aquelas manchas pretas, que,
Assombravam a minha vista
O sol bem radioso não era suficientemente forte para,
Desmantelar aquela obscuridade
Era mais que uma eternidade

Lá fui, eu, com um passo leve, correndo
Escoei-me pelo pálido gelo entranhado pelo chão
Vasculhei o oxigénio, que, dissimulava a minha vida
Senti o breve aroma da água escura, tal e qual as manchas,
Sombrias e tenebrosas da calçada,
Fui remechendo

Mexi na água tíbia da mágoa
Perfurei com os dedos o sopro do sangue
A água imundou-se

Submergi sem pensar
Nunca mais saí
Tentei respirar, mas
As manchas continuavam a proliferar o plano
Plano esse,
Seco,negressímo, plano sem plano

Parecia o olhar viscoso, faminto,desolado
Em mais nada pensei ter esperado,
Naquele amanhã de ontem

Naquela rocha dura
A minha cabeça batia, era esmagada
Naquela areia escorregadia,
Uma coisa pairava,a Cobardia
Sem margem de ser, tardia


Debaixo da água, via-me
Continuava tudo escuro e gélido,
Via uma cara no fundo,
Oculta

Peguei-me direito, onde,passava,
Num gesto rápido, mas lento,
Corvos flutuavam, morcegos matavam,
Mais sangue negro era espalhado,
Ali,
Ao pé,
Não tiveram pena de mim

Por isso, segui,bati,
Novamente na rocha
Afiada numa completa curvatura
Espessa, sem mais desejo

Bombardeadas
Destroçadas
Incendiadas,eram,
As mágoas, afugadas no meu ser,
A pessoa, que sempre,Eu,
Quis conseguir ser !


Igor Silva, 2 de Junho de 2011

Profunda

O caminho é turvo
Por forças passo,
Por tristezas piso.
Sem nada para agarrar
Agarrei-me ao pensamento.
O fiel amigo.

Quem me dera voltar atrás,
Aos dias de descanso,
Aos dias de motivação por acreditar,
Aos dias de ti.

Agora nem uma nem outra.
Perdi tudo,
Sou feliz por momentos,
Por sonhar alto.

Às vezes subo até lá
E vejo-me, contente,
Passado.
Esperançoso.

Nunca mais vou subir tão alto.
Enquanto desço,choro por ti.
E lá estou eu...
A sonhar esquecido.

Igor Silva,18 de Outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Alegria

Hora da despedida?
Jamais !
Nem agora, nem na noite do cais.

Quando despertar a suavidade contida,
A lágrima comovida de felicidade,
Serás sim
Lutadora da imunidade !

Ah !
Surgirão dias de sol,
Lembrar-te-ão tudo,
Solidão feliz,
Outrora foste aprendiz do Presente.

Que escolha de caminho?
Segue sozinha,
Triunfante,
Com carinho.

Brilharás sempre.
Agora ou amanhã.
Perspicaz ou tenaz.
Não interessa.

Caminharás no caminho definido da vida.
Pelo Destino traçado remediado,
Nunca voltarás ao dia Passado.

Igor Silva, 15 de Agosto de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Céu

E, quando o laranja do céu brilhou
Vento levou suas flores voar
Aves cantaram, rejubilaram
Insectos incutiram o som
Nada mais ficou

Ficou sim o observar do som
O estender da terra
O ocupar do mar

E, nada mais ficaria por ali
Tudo parecia ter cor
As ervas verdes, a tua face cor de esperança,
E, sem mais esquecer, o sempre laranja do céu

Mas queria-se mais,
Queria-se a cor do fugir
Tudo parecia correr, nada parecia ficar
Mesmo o caracol, que, afugadamente caminhava sobre o tronco de uma oliveira

Que se passava?
A Natureza mudara de rumo ?
Não,
Tudo ficara, ninguém mais saltara,
Nesta senil, solidão

Procurava-se mais,
A ambição subira à terra
Ninguém queria ficar como estava e onde estava
Partiram todos numa estrada sem alcatrão

Muitos voltarão?
Nunca saberão o que perderam,
A vontade estrangulou-os
A nós, gente,
A vós,
Terra


Igor Silva, 1 de Maio de 2011